sábado, 3 de setembro de 2011

Quem sou eu? Pergunto-me

Nasci em um dia chuvoso, mal se via a Lua Cheia. As nuvens não me impediram de ser algo lunática. Essa chuva que cai nunca me abandonou, eu sempre soube que seria assim. Meus dias sempre foram cinzentos de tão nublados. Na janela dos outros, as borboletas são como flores que voam, na minha janela só existem mariposas tristes e escuras. Eu sou uma mariposa, minhas asas são o meu guarda-chuva eterno. As cores me abandonaram, escorreram pelos meus dedos, tudo é cinza e preto, até o branco foge de mim. Assim como foge o Amor e este é o tema da minha vida: A ausência do meu amor fugido. Meu único companheiro é o Desamor e minha confidente é a Solidão. Como mariposa escura, eu sou atraída pelo fogo, pelo fogo de uma paixão que nunca chega. Será essa chama capaz de incendiar as fibras de meu coração frio? Ele é tão gelado que não canta Tum-Tá, ele toca uma sinfonia que é um ode ao inverno da minha alma. Um adágio triste sobre o dia em que, quando pequena, levaram-me para ver o mar. Mas era noite na praia e a Lua estendia seu reflexo sobre as águas como um tapete luminoso que me acompanhava onde quer que eu fosse. Entrei no mar seguindo a estrada de luz que eu jamais conheceria novamente e as água noturnas se assustaram, pois eu ainda era mais escura, gelada e sombria que a própria noite. (Hordália das Dores Ferreira)

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